O Maghreb (em árabe = local onde o sol se põe”) cobre uma área de mais de 2000 km². Ao leste e ao norte está o Mar Mediterrâneo, a oeste o Oceano Atlântico e ao sul o deserto do Saara.
O Maghreb possui uma tradição em joalheria que se caracteriza por uma variedade de técnicas, materiais e design. Apesar disso, há uma unidade de estilo, especialmente na joalheria Bereber, em que o uso da prata predomina. (Os Berebers são um povo não arábico que já habitava a região em 3000 a.C.). Esta homogeneidade relativa deve-se ao domínio de civilizações poderosas como a greco-romana, a bizantina e a árabe, que deixaram, em várias épocas do passado, os traços de suas culturas. A chegada dos povos árabes e islâmicos, em particular, e a grande mobilidade dos beduínos também contribuíram para esta uniformidade da joalheria local.
A joalheria, no Norte da África, e em todo o mundo islâmico tem um papel de destaque.
Uma mulher jovem recebe uma parte substancial de suas jóias quando casa como parte do dote da noiva (mahr). Algumas peças são compradas por seus pais com o dinheiro recebido do noivo. Após o casamento, ela continuará comprando e colecionando jóias e estas serão de sua exclusiva propriedade. Poderá vesti-las em ocasiões importantes e festas.
As jóias servem como adorno, para embelezar as mulheres, e também como um acessório para as roupas. Entretanto, comprá-las e colecioná-las é também uma forma de economizar. O uso intenso de moedas nas peças é uma demonstração disto. Quando há necessidade de gerar renda, no caso de divórcio ou viuvez, parte destas jóias, como as moedas, poderá ser revertida em dinheiro; prática comum nesta cultura: “braceletes servem para tempos difíceis”, como diz um famoso provérbio.
Usar jóias, também tem uma função protetora, devido à força mágica atribuída as mesmas. O material, a cor, a forma e o tipo de decoração estão relacionados ao tipo de magia que a peça evoca. Todos os materiais naturais, bem como as cores, possuem um efeito de prevenção ou cura específico. Os números, que são muitas vezes aplicados à decoração possuem um significado similar. Amuletos (lherz) são típicos para esta função das jóias e são utilizados em todo o mundo islâmico. Eles são, na sua maioria, caixinhas cilíndricas, quadradas ou triangulares que contém escritos do Alcorão. Oferecem proteção contra a inveja ou abençoam (baraka). A mão (khamsa, ou mão de Fátima) é outro ornamento significativo no mundo islâmico, presente em têxteis, cerâmicas, tapeçaria, arquitetura e joalheria. Este motivo já era aplicado na região do Maghreb no tempo dos Fenícios e Romanos. A khamsa refere-se aos cinco pilares do Islã: a fé, a oração, a caridade (zakat), o jejum no mês do Ramadan e a peregrinação a Meca (Hajj). A representação da mão significa a redenção humana ao desejo e à proteção de Deus.
Finalmente, há uma função ritual para a joalheria estreitamente ligada a esta força protetora. O marido presenteia a esposa com um broche (fíbula), quando o primeiro filho nasce. Os anéis, os braceletes e os cintos são freqüentemente dados com o significado simbólico de aliança e eternidade.
No Maghreb, os homens vestem poucas jóias, pois não é permitido na cultura islâmica.