quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Art Studio - Mariano Fortuny & Mirella Spinella

Moinhos Shopping - Porto Alegre, RS - 2009

Mariano e Mirella, o sucesso destes dois nomes traz a memória da Sereníssima (República Sereníssima de Veneza).Mariano Fortuny (1871-1949) nasceu em Granada, Espanha, mas o seu nome está ligado a tal ponto à Veneza que ficou conhecido como “o mágico de Veneza”. Estabeleceu-se nesta cidade a partir de 1889 e interpretou magistralmente a sensibilidade veneziana mesclando a sofisticação da Renascença e um Oriente fastuoso. Fortuny iniciou na pintura, mas logo mostrou talento para a fotografia, escultura, água-forte, desenho, cenografia e arquitetura. Fascinado pelos efeitos da luz difusa, criou cenários para teatro e ópera.No final da década de 1890, começou a estampar tecidos. Viajou incansavelmente na busca de inspiração. A Florença do século XV, a Veneza do séc. XVII, a Pérsia, a Ásia, a América do Sul, a China e a Grécia, tapeçarias medievais, desenhos orientais e padrões bizantinos foram os temas que predominaram na sua produção de tecidos. A música de Richard Wagner também exerceu uma profunda influência sobre o artista, ajudando-o a definir seus ideais estéticos.Em 1900, desenvolveu seu próprio método de estamparia, estudando antigas técnicas de alquimia e corantes vegetais, dando ao seu material uma aparência autêntica e transformando cada peça em uma obra única. Suas roupas revolucionárias enfatizaram o corpo da mulher em movimento, sendo cobiçadas por bailarinas famosas como Isadora Duncan.Seu lenço “Knossos”, de 1906, foi criado a partir da arte cicládica: era um véu retangular de seda que podia ser trajado de diversas formas; amarrado em volta do corpo ou usado como adorno. Entretanto, entrou definitivamente na indústria da moda em 1907, introduzindo uma de suas maiores realizações, o vestido “Delphos”, uma peça solta e cilíndrica feita de cetim de seda, que se ondulava mediante um processo especial de plissagem, altamente inspirado na escultura grega.Ele adaptou a maior parte das formas de roupas étnicas a trajes extravagantes e exóticos: o quimono japonês, o albornoz, de origem árabe, e o djellabah do norte da África (marroquino), o sári indiano e o dólmã turco. Ficou famoso por seus tecidos estampados. A flora era um de seus motivos constantes.Foi um misto de artista, inventor e costureiro que combinava cor e textura a um corte sem igual, o que lhe garantiu um lugar de destaque no universo da moda.Mirella Spinella, designer contemporânea, que tive o prazer de conhecer recentemente também se especializou na arte têxtil. Visitar o seu estúdio no Canareggio em Veneza, onde reside há trinta anos, foi como viajar no tempo e entrar nas antigas bodegas italianas. Identificar Mirella com Fortuny foi inevitável, já que suas pesquisas estão sedimentadas nas criações deste artista. Estudou técnica de mosaicos em Ravena, decoração em Padova e cenografia na. Academia de Veneza, onde descobriu os fabulosos tecidos dos costumes de cena e a vocação para recriá-los, desenhando-os e estampando-os conforme as técnicas dos ateliers da Renascença. Para dar o seu toque de exclusividade, Mirella cria os seus próprios pigmentos e cores, misturando-os a pós metálicos para dar uma aparência lustrosa às peças. As viagens pelo Oriente e América do Sul marcaram profundamente a designer e se traduzem na variedade de motivos da flora e fauna de seus veludos e linhos exclusivos.Mirella como Fortuny são daqueles tesouros que Veneza abriga e ao mesmo tempo esconde para melhor preservar.